Durante anos participei ativamente da comissão
interna de prevenção de acidentes (CIPA) nas empresas onde trabalhei. Foi uma experiência
fantástica. Aconselho que a maioria das pessoas tenha esta experiência, pois
você vivencia situações que nunca terá acesso normalmente. Também fui membro da
Brigada de Incêndio.
O que percebi e presenciei é o "descaso" das próprias pessoas no que tange a sua própria segurança. Por mais que se realizem comissões e semanas de prevenção é preciso ir além... é preciso tocar fundo na consciência de cada pessoa quando o assunto é a própria segurança. Para isso é preciso sensibilizar constantemente cada trabalhador, seja com intervenções, palestras, manuais, campanhas e outras ações que possam "abrir os olhos" para a importância da preservação da própria vida.
O PODER DO HÁBITO
No livro “O Poder do Hábito” o autor, Charles
Duhigg, relata a interessante história do presidente da empresa Alcoa, Paul O’Neill,
que quando foi pronunciar seu discurso de posse para acionistas, jornalistas e
a diretoria da empresa iniciou assim: “Quero falar com vocês sobre segurança do
trabalho. Todo ano, vários funcionários da Alcoa sofrem ferimentos tão graves
que perdem um dia de trabalho. Nosso histórico de segurança é melhor do que a
média da mão de obra americana, principalmente levando em conta que nossos
empregados trabalham com metais a 1.500 graus
e máquinas capazes de arrancar o braço de um homem. Mas ainda não é
suficiente. Pretendo fazer da Alcoa a empresa mais segura dos Estados Unidos.
Minha meta é índice zero de acidentes.”
Charles Duhigg explica: “A plateia ficou confusa.
Estas reuniões geralmente seguiam um roteiro previsível: um novo diretor
executivo começava se apresentando, fazia uma falsa piada autodepreciativa e
depois prometia alavancar os lucros e baixar os custos. Em seguida, vinha uma
severa crítica aos impostos, às normas comerciais... Por fim, o discurso
terminava com uma enxurrada de palavras da moda – sinergia, proativo e
cooperação.”
O fato é que esta atitude do novo presidente transformou
a Alcoa – uma das maiores, mais antiquadas e mais potencialmente perigosas
empresas do país – numa máquina de lucros e um bastião da segurança. Porém,
isso tudo não foi fácil, pois era necessário mudar hábitos há muito tempo
arraigados na cultura organizacional. Para Paul O’Neill “todos mereciam sair do
trabalho tão ilesos quanto chegaram. Ninguém deveria ter medo de morrer
sustentando a família.”
Quantos gestores você conhece que tem esta postura
frente à segurança do trabalho? Tenho enfrentado, com muita satisfação, o
desafio de lecionar a disciplina Fundamentos da Qualidade e Segurança do
Trabalho. Há alguns anos já leciono o tema ERGONOMIA, que também tem a ver com
segurança do trabalho. O que ouço com frequência de meus alunos é a falta de
consciência por parte de gestores e líderes de empresas para este fator
importante: a segurança pessoal. Será que ainda estamos vivendo na era medieval
quando o assunto é a manutenção da vida? É preciso aprender com a experiência
da Alcoa e outras empresas que entendem a importância que a segurança pessoal
tem para o aumento da produtividade, da qualidade e dos resultados. Este é o
grande desafio: conscientizar gestores e trabalhadores em geral que a vida é
nosso bem mais importante!
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